terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Histórias de romance são típicas de adolescente. Qualquer garota sonha com um príncipe encantado, mas nem todos os garotos querem uma princesa. Talvez essa seja a diferença entre os dois. Homens sentem primeiro, e depois criam ilusões. Mulheres se iludem antes mesmo de dar possibilidade para sentir algo. Meninos são mais racionais… Quem sabe. De qualquer jeito, acho bonito o primeiro amor de um garoto. Acho bonito quando ele cria diálogos imaginários com aquela garota mais velha da escola que ele acha linda. Mas normalmente o primeiro amor sempre estraga tudo. Sempre estraçalha o coração e dá motivo pra desistir disso pra sempre. O problema é que lá no fundo, bem escondidinho, ainda existe um pingo do que restou um dia. Da esperança. Dos sonhos. Dos planos. Nem que seja com uma pessoa diferente dessa vez, mas que futuramente acaba crescendo desgovernadamente por um alguém. E aí o ciclo recomeça. A dependência, a vontade, a saudade, o desejo. Anseio. Necessidade. Tudo aquilo que ele tinha prometido não sentir simplesmente volta à tona, como se suas palavras não significassem nada. E ele se odeia por isso. Há tanto tempo não gosta de alguém… Por que agora as coisas parecem tão certas? Por mais que afirme que está tudo errado, ele sabe que está certo. Ele sabe que o sorriso dela o arrepia da pontinha do cabelo aos pés. Ele sabe que o som de sua risada lhe traz uma paz incrivelmente esquisita; daquelas que ele não costuma sentir com frequência. Ele sabe que poderia fazer uma história linda… Mas ele é inseguro. Ele foge do amor e não quer se decepcionar no final, porque parece que isso é o que sempre acontece. Ele finge que não vê. Finge que não sente. Finge que não quer e finge que não se importa. Ele passa por cima de tudo o que explode lá dentro só pelo fato de sentir medo… E infelizmente, ele perde.
Já a garota… Bom, a garota sempre sonha mais. Acha que num mundo onde existem bilhões de pessoas, o destino vai arranjar um jeito de achar uma exatamente perfeita pra ela. Não que isso esteja errado, talvez o destino até realmente exista. Mas criar expectativas demais nunca foi uma tecla boa de se insistir. Por mais incrível que pareça, a mulher se apaixona duzentas vezes na vida… E com a mesma intensidade em todas elas. Não sei se desse jeito é melhor, sinceramente. A decepção sempre que pode a puxa pelo pé e causa um estrago irreversível. Irreversível até o momento em que se encanta por outros olhos, outra boca, outro cheiro e outro alguém. Quando pensa que dessa vez vai dar tudo certo, conhece mais um canalha entre tantos outros. Mas quer saber? Esse canalha até que tem alguma coisa diferente. Mesmo que ele aja que nem o resto, mesmo que ele a trate com a mínima importância… Ela consegue enxergar que ele luta contra algo. Não que ela seja tão importante a ponto de mudar quem ele é, certo? Não que ela seja um amor escondido dentro dele… Só que ela não pode negar que viu algo ali. Que sentiu algo no toque e que prendeu um pouco do seu olhar. Ela sabe que ele pode até não valer à pena, sabe que pode estar se enganando mais uma vez. O problema é que esse garoto não é que nem os outros. Ele só finge ser. E aí ela cria histórias em seus pensamentos que nunca vão existir em hipótese alguma; cria um amor incondicional que nunca vai se tornar recíproco. Passa horas pensando em alguém, pra que se decepcione depois de meses e passe anos se arrependendo. Se arrependendo porque não foi capaz de criar um vínculo com ele, porque não foi boa o suficiente… Ela se arrepende até das roupas que usou quando ele estava por perto. Se arrepende porque o perdeu.
Anos depois ambos vão ter as vidas que sonhavam. Vão ter um trabalho perfeito, família perfeita e casa perfeita. Vão estar incrivelmente apaixonados por um alguém que finalmente conseguiu tornar isso recíproco. E então os dois resolvem almoçar em um restaurante simples que fica a uns 20 minutos da casa dela e 15 da dele. Ela publicitária, ele arquiteto. Ela aos 32 e ele aos 35. Nenhum dos dois iria esperar encontrar o outro… E em tantas chances de um outro restaurante, ou um outro horário, uma outra semana… Quem diria, certo? Quem diria que ela estaria tão bonita e que ele deixaria a barba crescer? Quem diria que a química ainda estaria intacta desde a adolescência? Quem diria que ela mexeria tanto com ele do jeito que mexeu, e que ele faria parte de um longo período de nostalgia da vida dela? Ele solta um “Ei, eu te conheço de algum canto?” e ela deixa escapar um sorriso de canto. Não vamos dizer que essa seria uma boa história de romance. Não vamos dizer que as coisas poderiam ter dado certo um dia, porque elas não deram. Mas digamos que ela não tem a mínima noção do quanto foi importante, e ele não faz a mínima ideia do quanto doeu.

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